Subclinical Hypothyroidism and Incident Depression in Young and Middle-Age Adults. Ji Sun Kim, et al. J Clin Endocrinol Metab, May 2018, 103 (5):1827–1833. https://academic.oup.com/jcem/article-abstract/103/5/1827/4835369?redirectedFrom=fulltext
Resumo:
Antecedentes: o papel do hipotireoidismo subclínico no desenvolvimento da depressão segue sendo controverso. Examinou-se de forma prospectiva a associação entre o hipotireoidismo subclínico e episódios de sintomas depressivos.
Métodos: Foi realizado um estudo com um grupo prospectivo de 220.545 adultos de idade mediana e sem depressão, que se submeteram a pelo menos dois exames de saúde completos, entre 1 de janeiro de 2011 e 31 de dezembro de 2014. Os níveis de TSH, T3 e T4L foram medidos usando um imunoensaio por ECLIA. O resultado do estudo foi a aparição de sintomas depressivos, definidos com uma pontuação >16, segundo o questionário do Centro de Estudos Epidemiológicos de Depressão.
Resultados: durante um período médio de seguimento de 2 anos, foi apresentado sintomas depressivos em 7323 pacientes. A análise multivariada para sintomas depressivos, comparando participantes com hipotireoidismo subclínico e eutireoideos, foi de 0,97 (intervalo de confiança de 95%, 0.87 a 1.09). De maneira similar, entre os participantes eutireoideos (n = 87.822), não se encontrou nenhuma associação aparente entre os níveis de TSH e um maior risco de sintomas depressivos
Conclusões: não se encontrou nenhuma associação aparente entre o hipotireoidismo subclínico e a aparição de sintomas depressivos em uma grande parcela do grupo prospectivo de homens e mulheres de idade mediana.
Comentário:
O hipotireoidismo subclínico é altamente prevalente entre os indivíduos com depressão, e a suplementação com hormônios tireóideos pode aumentar a efetividade dos antidepressivos utilizados no tratamento da mesma. Ainda que uma meta-análise prévia havia mostrado um possível vínculo entre a função tireóidea e a depressão em homens de idade mediana, o papel do hipotireoidismo subclínico no desenvolvimento da depressão segue sendo controverso.
Os estudos da associação entre hipotireoidismo subclínico e sintomas depressivos têm sido principalmente transversais, suas descobertas não foram conclusivas. Mesmo que em alguns estudos de grupo fora avaliado a associação entre o hipotireoidismo subclínico e a depressão, a maioria desses estudos se concentrou em populações de pessoas mais idosas, e é escassa a evidência de uma associação entre o hipotireoidismo subclínico e a depressão em populações jovens ou de idade mediana.
No presente estudo, que incluiu um grande grupo prospectivo de homens e mulheres de idade mediana, não se encontrou uma aparente associação entre o hipotireoidismo subclínico e os sintomas depressivos. Essa falta de associação aparente foi similar em todos os grupos de idade e em ambos sexos, e não se viu afetada pelo ajuste de possíveis fatores de confusão.
A associação entre o hipotireoidismo subclínico e a depressão é contestada. Em um estudo de 123 participantes com hipotireoidismo subclínico e 123 eutireoideos de controle, a prevalência de sintomas depressivos foi aproximadamente o dobro no grupo com hipotireoidismo subclínico. Também se observou associações positivas entre o hipotireoidismo subclínico e a depressão em outro estudo de 248 pacientes longevos com hipotireoidismo subclínico e 203 controles eutireoideos com doenças não relacionadas a tireoide, e em um estudo transversal de 323 indivíduos com idade avançada. Entretanto, em estudos recentes não foi encontrado nenhuma associação aparente. Um recente estudo populacional Norueguês (n = 8214) informou que a prevalência da depressão foi similar em indivíduos eutireoideos e indivíduos com hipotireoidismo subclínico.
Alguns estudos informaram um efeito benéfico sobre a administração de suplementos de hormônios tireóideos no tratamento da depressão, os mesmos faziam parte de um estudo “open label” e estavam, potencialmente, sujeitos aa uma série de vieses de seleção.
Esse trabalho representa o maior estudo prospectivo de grupo para avaliar a associação entre a disfunção tireóidea subclínica e os sintomas depressivos. Além disso, foram incluídos diversos fatores de confusão, como a idade, o sexo, as comorbidades, o tabagismo, o álcool, a realização de exercícios físicos e o estado de menopausa em mulheres participantes. Também foi incluído uma pontuação de estresse, sendo esse o primeiro estudo a considerar o papel que poderia ter entre a associação da função tireóidea e a depressão. O estresse pode induzir uma ampla variedade de alterações neuroquímicas e hormonais, incluindo os hormônios tireóideos. Ao mesmo tempo, a repetida exposição a eventos estressantes também seria um fator potencial para a depressão. Em nossa análise, entretanto, ajustes adicionais para o estresse não mudaram os resultados.
O presente estudo possui várias limitações, tais como a utilização de questionários auto informado em lugar de entrevistas clínicas para a identificação de sintomas depressivos. Em segundo lugar, o período de seguimento do estudo foi relativamente curto, ainda que se pode identificar um grande número de participantes com sintomas depressivos. Foi sugerido que uma duração média de seguimento de 3 anos seria o adequado para avaliar as mudanças a longo prazo nos sintomas depressivos.
Futuros estudos deveriam tratar de identificar os principais mecanismos involucrados no desenvolvimento da depressão, associada com diferentes níveis de hormônios tireóideos, assim como incluir outros grupos étnicos (nesse trabalho foram somente pacientes coreanos), e com períodos de seguimento mais largos para confirmar tais descobertas.
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Copyrigth2018 ENDOweb. Citar este artículo: Hipotiroidismo subclínico y episodios relacionados a depresión en los jóvenes y adultos de mediana edad – ENDOweb– 6 de Jun 2018
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