A vitamina D pode prevenir a Esclerose múltipla?


A Esclerose múltipla (EM) é a doença crônica autoimune mais comum no SNC. Se caracteriza pela desmielinização e perda axonal, produzindo um espectro amplo de manifestações clínicas que incluem a neurite óptica, paralisia, perda de sensibilidade, dificuldades na coordenação, disfunção cognitiva, fadiga e transtornos do sono. Afeta principalmente a jovens adultos com predomínio feminino (relação homem: mulher 3-4.1). Em 80% dos pacientes se apresenta alguma forma clínica de remissão (65% progride secundariamente à forma progressiva), enquanto que em 20% dos casos padece a forma progressiva inicialmente. A etiologia é multifatorial, havendo fatores genéticos e ambientais implicados. Entre eles poderia se incluir o déficit de vitamina D.


A guia de avaliação, tratamento e prevenção da deficiência de vitamina D, elaborada por especialistas da Endocrine Society, inclui a EM dentro do grupo de riscos do déficit de vitamina D. As razões pelas quais se acredita que esta deficiência seria um fator de risco para a EM são as seguintes:

1) A frequência da EM aumenta de acordo com a elevação da latitude.

2) Em latitudes altas, a prevalência da EM é menor que a esperada em populações com alto consumo de peixes ricos em vitamina D.

3) O risco de EM parece diminuir com a migração para baixas latitudes.

Essa diferença geográfica tem diminuído com as mudanças no estilo de vida: menor exposição solar, aumento do uso de protetores solares, maior incidência de tabagismo e obesidade (fator de risco para a EM). Contudo, numerosos estudos revelam que quanto maior a exposição solar, menor a deficiência de vitamina D e menor risco de EM, principalmente se a exposição solar ocorreu durante a infância e adolescência.

A relação não se limita a casualidade, como também tem se estudado o papel da vitamina D na atividade dessa doença: se observou que os níveis de 25(OH) vitamina D são menores nas recaídas do que na remissão da doença e se relacionam inversamente com a severidade da EM. Também se observou uma maior taxa de recaídas da EM em meses de inverno e um curso mais severo da doença em pacientes de raça negra. Todas essas observações poderiam ser causadas por outros fatores implicados, entretanto, orientam um possível papel da vitamina D na evolução desses pacientes.

A partir disso, se estudou se a suplementação com vitamina D poderia prevenir o desenvolvimento da EM ou melhorar a evolução dos pacientes afetados. Em relação a essa suplementação, não há evidências suficientes que demonstre um efeito benéfico e requerem mais estudos sobre o assunto para recomendações a respeito.

Essa revisão de 2013 publicada pela revista The EPMA Journal resume as evidências que existem sobre o tema. 

 

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